Ansiedade na Infância – Saiba identificar

20/02/2020 19:21

Você sabe identificar se seu filho sofre de ansiedade?  E como evitar?

Primeiramente é necessário entender como a ansiedade se manifesta.

A Ansiedade como transtorno é um sintoma exagerado que ocasiona danos aos relacionamentos familiares e sociais em geral, uma vez que limita e causa grande prejuízo na criança que passa por diferentes fases no decorrer da sua infância.

Além disso, os transtornos de ansiedade são os problemas de saúde mental mais comum entre crianças e jovens, ou seja 20% das crianças apresentam ou em algum momento irão apresentar algum traço ansioso ao longo da vida.

Contudo, a formula da ansiedade é a junção de vários sentimentos, entre eles, medo, preocupação, apreensão, palpitação que será referido especificamente mais adiante na relação com os diferentes tipos de transtornos manifestos.

Todavia, é percebida muitas vezes no início da infância, embora em bebês não há uma forma de reconhecer uma vez que, o que é apresentado na primeira infância são somente desconfortos pois, a criança ainda não entende o que ocorre a sua volta.

Já a partir dos cinco anos a ansiedade pode parecer de forma mais evidente como o medo do escuro, medos fantasiosos, e algumas limitações que impedem o enfrentamento.

As causas da ansiedade, no entanto, podem ser genéticas ou ambientais.

Sabemos que, a ansiedade sempre existiu desde os primórdios dos tempos, mas, antes era apenas como instinto de sobrevivência, quando os homens primitivos eram obrigados a se proteger de condições climáticas, animais, fome, etc...

É preciso reconhecer que a ansiedade é um sentimento saudável quando nos impulsiona e faz buscar o crescimento pessoal.

Assim, nos tempos modernos com as cobranças presentes intensamente e a vida correndo em um ritmo frenético a ansiedade ultrapassa o limite de normalidade, sendo caracterizado por uma    preocupação excessiva e incontrolável sobre diversos aspectos da vida de forma prolongada e intensa

 

Tipos de ansiedade na infância e como ela se manifesta?

Transtornos de Ansiedade de Separação (TAS) - Esse transtorno é caracterizado pela separação com a figura de identificação, seja pai, mãe, ou até mesmo uma babá, esse transtorno surge geralmente quando chega a fase em que a criança necessita se afastar dessa figura de referência.

Sintomas

  • Dor de barriga
  • Dor de cabeça
  • Vomito
  • Frequentemente recusa-se comparecer na escola.
  • Muitas vezes apega-se apenas a um professor com que ocorre a identificação.
  • Manifesta birras constantes a fim de evitar a separação.
  • Ocasionalmente pode apresentar incontinência urinária ou fecal.

 

Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) - Esse transtorno é caracterizado pela preocupação excessiva e incontrolável sobre diversos aspectos da vida de forma prolongada e intensa.

Sintomas - Nas crianças, elas ficam o tempo todo imaginando perigos possíveis e limitações pessoais, não conseguem vivenciar plenamente o momento presente.

É importante atentar-se para a forma com que a criança se comunica e como ela evita enfrentar situações necessárias para o seu desenvolvimento, geralmente a criança vai utilizar frases como:

“E se eu não conseguir.”

“E se eu não for capaz .”

“E se acontecer isso... ou aquilo”

Ou seja, geralmente a criança questiona, e de certa forma se sente desacreditada e ainda, necessita de reafirmação constante, ela vai sempre procurar questionar a sua tarefa... seu modo de vestir.

Sendo assim, seus comportamentos vão sugerir sempre sentimentos como insegurança e perfeccionismo.

 Essas inseguranças surgem como preocupações diversas com o desempenho escolar de forma que não consegue se concentrar no que está ocorrendo em sala de aula, ao mesmo tempo que se preocupa, seu pensamento está adiante muitas vezes pensando na hora do intervalo por exemplo.

Preocupam-se demasiadamente também com a opinião alheia em relação a si, além de se questionar, o que vai fazer, onde ir, como fazer algo com perfeição e então ocorre que acaba não fazendo por medo dos julgamentos em relação a todas as pessoas que a cercam, seja familiares, amigos, professores.

Tendem também a catastrofizar qualquer evento, estão sempre antecipando situações como doenças, guerras, fenômenos climáticos, violência, problemas de finanças na família, isso tende ainda a se agravar se já vivenciou uma destas situações.

 

Transtorno de ansiedade social ou fobia social incapacitante – Esse transtorno é prevalente em crianças e adolescentes, e caracteriza-se pelo medo excessivo e persistente de algumas situações sociais ou de desempenho pessoal.

Ademais, a criança com fobia social tem receio de aproximar-se das pessoas estranhas, mostram-se extremamente tímidas, e esse medo interfere na  maneira de falar, agir, vestir-se pois vai sempre pensar que a roupa está errada então espera que os outros façam para si aquilo que elas julgam incapazes de realizar.

Em relação a esse comportamento, os pais devem ter em mente que até os dois anos essa incapacidade é normal, porém a partir dessa fase essa incapacidade exacerbada é preocupante e pode ser indício de algo mais sério.

Sintomas: crianças com transtorno de ansiedade social costumam evitar;

  • falar ao telefone 
  • fazer apresentação em público
  • conversas
  • ir à escola
  • se alimentar em publico
  • usar banheiros públicos
  • frequentar lugares movimentados, como exemplo: festas e eventos grandiosos.

 

Transtorno de Pânico - O transtorno de pânico é caracterizado por medo de enfrentar algo inesperado, e muitas vezes desconhecido, ocorre associação de lugar e situações que podem desencadear o ataque de pânico, podendo até desenvolver a agorafobia.

A agorafobia é caracterizada por um transtorno que gera medo incontrolável de lugares e situações que podem desencadear sentimentos associados ao pânico.

Sintomas;

  • coração disparado (taquicardia)
  • tremor
  • náuseas
  • dor de estomago
  • tontura
  • suor excessivo
  • falta de ar
  • dificuldade de respirar
  • medo de desmaio
  • medo da morte
  • medo da loucura

 

Como lidar com a ansiedade na infância?

É preciso que a família esteja atenta aos indícios da ansiedade na infância, os familiares precisam entender o que pode estar ocasionando essa ansiedade.

Através dos pais é necessário que estejam envolvidos na dinâmica para trabalhar  as suas próprias ansiedades e esses pais necessitam também aprender a manejar suas próprias emoções, uma vez que eles podem ser objeto de ansiedade dos próprios filhos, e ainda o que ocorre em casa e na escola pode ter sido ocasionado através de  conflitos familiares que são vivenciados em seus lares.

Em algumas situações, é necessário entrar com tratamento psiquiátrico para inserir substancias farmacológicas a fim de amenizar os sintomas que interferem no dia a dia da criança e atrapalham o seu desenvolvimento.

É recomendável também a utilização de técnicas de relaxamento, e os pais devem ensinar em conjunto seu filho a entender as suas emoções sem exibir pré-julgamentos ou críticas, bem como ajudar seu filho adolescente a aceitar suas mudanças corporais.

Os pais podem e devem auxiliar a criança a perceber os prejuízos gerados pela ansiedade e a forma que pode atrapalhar o seu dia a dia, para que evitem comportamentos inibitórios, isolamento e a não aceitação.

Quando a não aceitação parte dos pais, é de extrema importância que seja trabalhado também as suas emoções para não agravar os danos nas crianças.

Ensinar o quanto é necessário viver cada momento e saber esperar pelos resultados, exemplos práticos podem ser.

  1. Passar mais tempo com a criança, vendo um filme e depois comentando sobre cada cena, sobre o desenrolar do filme, o que tirou de aprendizado.
  2. Preparar uma receita, para fazer com que a criança entenda cada etapa até chegar no elemento final.
  3. Inserir a criança em atividades práticas, como parques, a prática de um esporte.
  4. Ler um livro e questionar a criança o que ela aprendeu com a leitura, qual a mensagem que ela obteve ao finalizar essa leitura.
O papel da escola para lidar com a ansiedade na infância

E por fim, não esquecer que a escola tem o papel fundamental na educação da criança, mas é necessário que esse papel funcione como forma de parceria com os pais, pois na escola ela manifesta muitas vezes essa ansiedade de forma mais intensa, seja por ter sofrido algum bullying.

Esse bullying ainda, pode gerar na criança um certa  relutância em comparecer à  escola, neste momento a criança necessita que seu sentimento seja reavaliado e respeitado, a escola então deve acolher essa criança e entender que a ansiedade manifesta na escola pode somatizar e gerar outros sintomas, assim, o olhar acolhedor de todos os funcionários que atuam na escola são fundamentais para o bem estar da criança.

Finalmente então, é essencial que, caso a criança chegue a um nível exacerbado gerando prejuízos para a sua convivência, o ideal é procurar com mais brevidade possível um pediatra que terá a sensibilidade de indicar um psicólogo para trazer todo o suporte emocional adequado ao desenvolvimento infantil.

 

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